É esta a realidade que se nos escapa?
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
2 Comments:
este poema ilustra bem o caracter efemero de tudo o k nos passa na vida.tb pelo texto, mas sobretudo pela maneira como as palavras escorrem da boca à medida que se leem. parece areia a cair numa ampulheta. é por isso k amo poesia...
11:39 PM, July 05, 2005
É brilhante poder pensar que o poema foi escrito no século XVI e ainda hoje estar actual! É magnífico!
2:26 AM, July 08, 2005
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